Áreas de investigação

EPIDEMIOLOGIA, BIG DATA E EVIDÊNCIA DO MUNDO REAL

A análise epidemiológica dos fenómenos da saúde é um instrumento poderoso de base de apoio à decisão a todos os níveis do nosso SNS. O normal funcionamento deste está ligado a uma contínua produção de dados que integram enormes bases informáticas (big data) refletindo a atividade e a realidade quotidiana no terreno (RWE). A combinação desta informação com a proveniente de estudos científicos clássicos permite construir um sistema de conhecimento sólido e detalhado, crucial para o correto e eficaz funcionamento do SNS.

INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NA SAÚDE

 A Inteligência Artificial (IA) – aqui entendida como aprendizagem informática (machine learning – ML) – é uma técnica que se distingue dos programas tradicionais pelo facto de aprender através de exemplos – e não de regras informáticas – alterando a sua estrutura durante essa aprendizagem (deep learning). Este processo é particularmente bem adaptado às necessidades preditivas do SNS, conseguindo estabelecer relações muito complexas entre dados e resultados de uma maneira que nenhum ser humano consegue. Um dos campos mais importantes é o da classificação de imagens, mas existem inúmeros outros campos de aplicação da IA na saúde: monitorização contínua de sinais, notas clínicas, dados genéticos, processos diagnósticos, etc.

INVESTIGAÇÃO DE RESULTADOS EM SAÚDE E EM SERVIÇOS DE SAÚDE

A metodologia científica da HOR/HSR estuda o resultado final dos cuidados de saúde, isto é, os efeitos do processo de implementação de cuidados nos índices de saúde, assim como no bem-estar dos doentes e populações. Inclui um variado conjunto de áreas, de estudos analisando a efetividade de um medicamento ao efeito das comparticipações nos resultados em saúde, da informação assim obtida para base da decisão, ao impacto de tecnologias da saúde (para apenas citar alguns tópicos).

SAÚDE PÚBLICA E POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE

A Saúde Pública (SP) pode ser definida como sendo a área multidisciplinar de promoção da saúde através de iniciativas comunitárias locais ou globais. As suas bases científicas assentam em três áreas do conhecimento: ciências básicas (patologia, toxicologia, etc.), ciências clínicas (medicina interna, pediatria, ciências farmacêuticas, etc.) e ciências específicas como a epidemiologia, saúde ambiental, educação para a saúde, etc. Uma das aplicações mais importantes da SP é a das políticas da saúde, suportando decisões, analisando resultados, prevendo mudanças futuras, etc.

AVALIAÇÃO DE TECNOLOGIAS DA SAÚDE

A introdução de novas tecnologias no SNS – sejam elas medicamentos, equipamentos, intervenções cirúrgicas, desenho de espaços físicos, padrões de prática clínica, etc. – deve obedecer a análises detalhadas do seu benefício, risco e custos. A comparação com as tecnologias já disponíveis num determinado contexto implica análise das características da nova tecnologia (fármaco, por ex.), seus efeitos extrapolados de ensaios clínicos, suas indicações em sub-grupos específicos de doentes e os seus custos acrescidos. A derivação de índices específicos através de modelações matemáticas e estatísticas (no caso dos medicamentos, os Quality Adjusted Life-Years – QALYS e o Incremental Cost Effectiveness Ratio – ICER), permite definir o custo-efetividade das tecnologias.

TRANSLAÇÃO DO CONHECIMENTO

A dimensão da literatura científica biomédica, juntamente com a sua variável qualidade, dificulta a utilização prática da evidência mais relevante gerada pelos estudos clínicos. Para além disso, a compreensão dos resultados obtidos é dificultada pelo quase total domínio de conceitos estatísticos e formais que uma boa parte dos profissionais de saúde, gestores e administradores, responsáveis políticos e especialmente doentes e seus familiares apresentam. O campo da Translação do Conhecimento tem como objetivo principal apresentar de maneira compreensível os dados de evidência a todos os stakeholders da saúde, de maneira a melhor suportar as decisões daqueles.